Conta-se que o
Apóstolo Paulo enviou seu currículo para a Junta de Missões Mundiais de certa
denominação, oferecendo-se para trabalhar como missionário. Depois de algumas
semanas, o Secretário da Junta escreveu-lhe esta carta, justificando por que
não poderia aceitá-lo.
Ao Reverendo Saulo Paulo - Missionário Independente
Roma, Itália
Caro Sr. Paulo:
Recebemos
recentemente seu currículo, exemplares de seus livros e o pedido para ser
sustentado pela nossa Junta como missionário na Espanha. Adotamos a
política da franqueza com todos os candidatos. Fizemos uma pesquisa exaustiva
no seu caso. Para ser bem claro, estamos surpresos que o senhor tenha
conseguido até aqui "passar" como missionário independente.
Soubemos que
sofre de uma deficiência visual que, algumas vezes, o incapacita até para
escrever. Essa certamente é uma deficiência grande para qualquer pessoa. Nossa
Junta requer que o candidato tenha boa visão, ou que possa usar lentes
corretoras.
Em Antioquia, o
senhor provocou um entrevero com Simão Pedro, um pastor muito estimado na
cidade, chegando a repreendê-lo em público. O senhor provocou tantos problemas
que foi necessário convocar uma reunião especial da Junta de Apóstolos e
Presbíteros em Jerusalém. Não podemos apoiar esse tipo de atitude.
Acha que é
adequado para um missionário trabalhar meio-período em uma atividade secular?
Soubemos que fabrica tendas para complementar seu sustento. Em sua carta à
igreja de Filipos, o senhor admite que aquela é a única igreja que lhe dá algum
suporte financeiro. Não entendemos o porquê, já que serviu a tantas igrejas.
É verdade que já
esteve preso diversas vezes? Alguns irmãos nos disseram que passou dois anos na
cadeia em Cesaréia e que também esteve preso em Roma, e em outros lugares. Não
achamos adequado que um missionário da nossa Junta tenha folha corrida na
Polícia.
O senhor causou
tantos problemas para os artesãos em Éfeso que eles o chamavam de "o homem
que virou o mundo de cabeça para baixo". Sensacionalismo é totalmente
desnecessário em Missões. Deploramos, também, o vergonhoso episódio de fugir de
Damasco escondido em um grande cesto.
Estamos
admirados em ver sua falta de atitude conciliatória. Os homens elegantes e que
sabem contemporizar não são apedrejados ou arrastados para fora dos portões da
cidade, tampouco são atacados por multidões enfurecidas. Alguma vez parou para
pensar que palavras mais amenas poderiam ganhar mais ouvintes? Remeto-lhe um
exemplar do excelente livro "Como Ganhar os Judeus e Influenciar os
Gentios", de Dálio Carnego.
Em uma de suas
cartas, o senhor referencia a si mesmo como "Paulo, o velho". As
normas de nossa Missão não permitem a contratação de missionários além de certa
idade.
Percebemos que é
dado a fantasias e visões. Em Trôade, viu "um homem da Macedônia" e
em outra ocasião diz que "foi levado até o Terceiro Céu e que ouviu
palavras inefáveis". Afirma ainda que viu o Senhor e que ele o confortou.
Achamos que a obra de evangelização mundial requer pessoas mais realistas e de
mente mais prática.
Em toda a parte
por onde andou, o senhor provocou muitos problemas. Em Jerusalém, entrou em
conflito com os líderes do seu próprio povo. Se alguém não consegue se
relacionar bem com seu próprio povo, como pode querer servir no exterior? Dizem
que tem o poder de manipular serpentes. Na ilha de Malta, ao apanhar lenha, uma
víbora se enroscou no seu braço, picou-o, mas nada lhe ocorreu. Isso soa muito
estranho para nós.
O senhor admite
que enquanto esteve preso em Roma, "todos o esqueceram". Os homens
bons nunca são esquecidos pelos seus amigos. Três excelentes irmãos, Diótrefes,
Demas e Alexandre, o latoeiro, disseram-nos que acharam impossível trabalhar
com o senhor e com seus planos mirabolantes.
Soubemos que
teve uma discussão amarga com um colega missionário chamado Barnabé e que
acabaram encerrando uma longa parceria. Palavras duras não ajudam em nada a
expansão da obra de Deus.
O senhor
escreveu muitas cartas às igrejas onde trabalhou como pastor. Em uma delas,
acusou um dos membros de viver com a mulher de seu falecido pai, o que fez a
igreja ficar muito constrangida e a excluir o pobre rapaz.
O senhor perde
muito tempo falando sobre a segunda vinda de Cristo. Suas duas cartas à igreja
de Tessalônica são quase totalmente devotadas a esse tema. Em nossas igrejas,
raramente falamos sobre esse assunto, que consideramos de menor importância.
Analisando
friamente seu ministério, vemos que é errático e de pouca duração em cada
lugar. Primeiro, a Síria, depois, Chipre, vastas regiões da Turquia, Macedônia,
Grécia, Itália, e agora o senhor fala em ir à Espanha. Achamos que a
concentração é mais importante do que a dissipação dos esforços. Não se pode
querer abraçar o mundo inteiro sozinho.
Em um sermão
recente, o senhor disse "Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de
Cristo". Achamos justo que possamos nos gloriar na história da nossa
denominação, no nosso orçamento unificado, no nosso Plano Cooperativo e nos
esforços para criarmos a Federação Mundial das Igrejas.
Seus sermões são
muito longos. Em certa ocasião, um rapaz que estava sentado em um lugar alto,
adormeceu após ouvi-lo por várias horas, caiu e quase quebrou o pescoço. Já
está provado que as pessoas perdem a capacidade de concentração após trinta ou
quarenta minutos, no máximo. Nossa recomendação aos nossos missionários é:
Levante-se, fale por trinta minutos, e feche a boca em seguida.
O Dr. Lucas nos
informou que o senhor é um homem de estatura baixa, calvo, de aparência
desprezível, de saúde frágil e que está sempre agitado, preocupado com as
igrejas e que nem consegue dormir direito à noite. Ele nos disse que o senhor
costuma levantar durante a madrugada para orar. Achamos que o ideal para um
missionário é ter uma mente saudável em um corpo robusto. Uma boa noite de sono
também é indispensável para garantir a disposição no trabalho no dia seguinte.
A Junta prefere
enviar somente homens casados aos campos missionários. Não compreendemos nem
aceitamos sua decisão de ser um celibatário permanente. Soubemos que Elimas, o
Mágico, abriu uma agência matrimonial para pessoas cristãs aí em Roma e que tem
nomes de excelentes mulheres solteiras e viúvas no cadastro. Talvez o senhor
devesse procurá-lo.
Recentemente, o
senhor escreveu a Timóteo dizendo que "lutou o bom combate".
Dificilmente pode-se dizer que a luta seja algo recomendável a um missionário.
Nenhuma luta é boa. Jesus veio, não para trazer a espada, mas a paz. O senhor
diz "lutei contra as bestas feras em Éfeso". Que raios quer dizer com
essa expressão?
Pesa-me muito
dizer isto, irmão Paulo, mas em meus vinte e cinco anos de experiência, nunca
encontrei um homem tão oposto às qualificações desejadas pela nossa Junta de
Missões Mundiais. Se o aceitássemos, estaríamos quebrando todas as regras da
prática missionária moderna.
Sinceramente,
A. Q. Cabeçadura
Secretário da
Junta de Missões Mundiais
Autor:Anônimo
Sem mais, fiquem na Paz!
Lucy,
ResponderExcluirRealmente são tempos difíceis e precisamos fazer a diferença.
Já estou seguindo seu blog.
Fique na Paz do Senhor!
Fábio